Motivo de alerta para o comércio global, a atual crise do container traz uma alta histórica no valor do frete marítimo em todo mundo como resultado das ações em combate ao covid-19 ainda no início da pandemia.
O que imaginávamos no Brasil ser apenas uma recessão preventiva de poucos dias no início do ano de 2020 tomou grandes proporções.
Como resultado, ficamos sujeitos ao confinamento e uma mudança totalmente radical no estilo de vida buscando amenizar os impactos do vírus.
A tensão já abalava o mercado mundial com o início dos casos na China no ano de 2019 se tratando da maior potência em termos de exportação de eletroeletrônicos, manufatura de produtos e outros ativos comerciais mundiais.
Depois de quase dois anos dos primeiros casos, uma grande crise traz para o nosso mercado um aumento de mais de 3x no valor do frete internacional, gerando instabilidade e insegurança nas operações de comércio exterior.
Entenda a partir de agora os detalhes dos principais impactos da pandemia no comércio exterior e os reais motivos por trás da crise do container no nosso artigo completo abordando o assunto.
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Os principais impactos da pandemia na movimentação de containers
Em primeiro lugar, o caso crítico que o mundo todo enfrenta atualmente parte de uma série de fatores que acumularam complicações resultando no cenário que estamos no momento.
É bem claro que a pandemia foi um fator de extremo impacto para o quadro do comércio exterior no período dos dois últimos anos.
As altas e baixas no mercado após o coronavírus complicaram as transações que já sofriam com oscilações antes mesmo dos primeiros casos na China.
O desequilíbrio levou o valor do transporte do container de 40 pés que antes custava por volta de US$ 1.000 ao custo de mais de US$ 10.000 nos dias atuais.
Vamos listar a partir de agora os pontos que levaram o mercado ao estado atual de acordo com diversas experiências internas de negócios da Simplifica e estudos acerca do impacto da pandemia nas operações de comex.
A baixa na produção de containers no ano de 2019 e as adversidades globais
A falta de containers para transporte em todo mundo tem sido o principal fator para o disparo do valor de transporte nos últimos meses.
Contudo, uma das causas da escassez atual vem da baixa nas vendas e consequentemente da produção de novos containers do ano de 2019 pois havia um estoque excedente em todas as rotas comerciais.
Estima-se que foram colocados em circulação apenas 2,5 milhões de TEUs em 2019, cerca de 37% a menos do que no ano de 2018.
No entanto com o choque global da pandemia a partir de 2020 os transportadores marítimos, com a previsão de uma baixa mundial no comércio, reduziram drasticamente a quantidade de entrada de containers.
Ainda que a falta de containers esteja complicando as operações internacionais, o impacto das adaptações que tiveram que ser feitas no mercado para combate ao vírus desregularam totalmente os cronogramas de transporte marítimo.
A quantidade impressionante de containers que costumamos ver em cima dos cargueiros fazem parte de um sistema global extremamente complexo de transporte de carga.
O que quer dizer que cada baú de metal que sai de um continente para o outro transportando uma carga, é descarregado e estufado novamente com mercadorias com outro destino.
Deixando com que a falta de controle por conta das mudanças em função da pandemia ocasionassem em falhas de produtividade e rotatividade dos containers.
Em conclusão a baixa produção de unidades de carga no ano de 2019 em conjunto com as adversidades do controle das movimentações globais foram os precursores do quadro crítico de atualmente.
Pandemia em nível global e a paralisação do comércio
A partir de fevereiro de 2020, o vírus começou a se espalhar por todos os continentes e os países tiveram de tomar medidas drásticas fechando fronteiras e isolando pessoas para conter a contaminação.
Em decorrência disso, as indústrias ao redor do mundo tiveram sua capacidade de produção travadas diminuindo drásticamente o fornecimento de ativos para o mercado.
Mobilizando severamente as movimentações de cargas e pessoas nos maiores centros de distribuição do mundo.
Com isso as empresas de transporte marítimo foram forçadas a reduzir custos operacionais reduzindo a quantidade de navios e transferindo as unidades de carga para fora dos portos e depósitos com a ausência de operações de comércio exterior.
Portanto grandes volumes de containers foram tirados de circulação devido à pausa forçada das atividades do mercado em todo mundo.
Uma das causas mais críticas em torno dos acontecimentos que levaram ao aumento do valor do frete internacional atualmente.
A retomada das atividades comerciais e o disparo das vendas online em todo mundo
A retomada das atividades nos maiores centros chineses tiveram o ponto de partida antes do resto do mundo.
Pelo fato do país ter sido o primeiro a realizar paralisações em busca do controle do coronavírus, foram também os primeiros a retomar as atividades comerciais.
Assim, com o fechamento do mercado físico, o crescimento de compras online teve uma rápida explosão no ano de 2020 chegando a valores que ultrapassam 4 trilhões de dólares.
Por outro lado o ponto crítico da retomada foi a demanda reprimida como resultado da paralização geral a partir da disseminação do vírus e as novas negociações a partir da reabertura das fronteiras.
Os protocolos de segurança da covid para a movimentação de pessoas e embarcações em grandes centros implicaram no aumento dos prazos de entrega e tornaram o quadro ainda pior.
Com a desorganização dos prazos vieram enormes acúmulos de containers nos portos fazendo com que os transportadores marítimos dessem preferência para a movimentação de cargas ao invés da coleta de unidades vazias como forma de redução de custos.
A partir do aumento do comércio empresas de navegação e fabricantes de containers foram pegos de surpresa devido ao aumento repentino da demanda.
Como resultado de todos esses eventos estamos enfrentando uma grande crise no transporte marítimo com valores de frete exorbitantes em praticamente todas as rotas comerciais.
O bloqueio do Canal de Suez em meio à pandemia
Se tratando de eventos de impacto no comércio exterior nos últimos anos, não podemos deixar de citar o acidente com o navio cargueiro Ever Given da empresa de transporte marítimo Evergreen.
O cargueiro que é uma das maiores embarcações de transporte de cargas do mundo ficou encalhado no Canal de Suez durante 6 dias.
A embarcação bloqueou o tráfego marítimo de mais de 350 navios de carga com estimativas de aproximadamente US$ 9,6 bilhões em comércio a cada dia.
O navio foi liberado mediante uma multa milionária no dia 7 de julho, junto as cargas e tripulação.
Um gargalo que teve impacto significativo no acúmulo de carga e no descumprimento de prazos que estão sendo refletidos até hoje no transporte marítimo mundial.
Fechamento de terminais de containers nos maiores portos do mundo por contaminação de trabalhadores
Mesmo com o quadro atual do coronavírus mais controlado, imprevistos em relação à contaminação de trabalhadores nos principais terminais do mundo ainda geram complicações nas movimentações.
Em meados do mês de maio o porto de Yantian, um dos maiores complexos mundiais, que fica no Sul da China foi parcialmente fechado e teve suas atividades paralizadas.
Devido a um surto de covid envolvendo trabalhadores e a comunidade local, as atividades foram suspensas.
Nesse sentido o complexo portuário teve atrasos implicando em custos de reserva para embarcadores de todo o mundo com impactos superiores ao acidente no Canal de Suez.
O porto movimenta cerca de 36.000 TEUs por dia, um dos principais canais de movimentação de carga e potência global em termos de economia.
Outro caso semelhante mais recente, ocorreu no maior porto do mundo, em Ningbo também na China.
Um dos terminais de containers foi fechado no dia 11 de agosto após membros de uma equipe de trabalhadores testarem positivo para a covid-19.
A situação é de apreensão no momento, já que as primeiras movimentações de cargas de produtos para o fim de ano estão partindo da China.
No caso de um grande surto e a necessidade de paralização do porto de Ningbo as ocorrências em Suez e Yantian se tornariam insignificantes perto do impacto para a comércio global devido as dimensões do complexo.
Conclusão
Definitivamente o fato isolado da falta de containers atualmente não é o único causador da crise responsável pela alta nos valores dos fretes internacionais.
Como segue na análise, o conjunto de diversos fatores que se deram após o início do coronavírus trouxeram a situação a condições extremamente preocupantes.
No contexto geral a normalização dos mercados é estimada para o primeiro semestre de 2022, caso algumas ocorrências pontuais não venham a se agravar, como os incidentes nos portos chineses.
Para o caso do Brasil, como não estamos em uma rota privilegiada em relação aos maiores canais de distribuição, é previsto que ainda iremos sentir os impactos até a normalização.
A partir do controle do coronavírus e imunização da população mundial, a esperança é que o mercado volte a se normalizar aos poucos a partir do início do próximo ano.
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